sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Os primeiros indícios da aquisição linguageira: a interação adulto-criança; a troca de olhares, sorrisos, postura





Sabrina Mônica Cunha de Azevedo*
Tony Robson Xavier Monteiro*
Valéria Mônica Rodrigues*




RESUMO


Este artigo teve como objetivo verificar os primeiros passos de aquisição da língua, no livro “O surgimento da Linguagem na criança”. Para tanto, procurou-se responder certas perguntas como: onde devemos situar o inicio da linguagem, quando se começa a balbuciar, as primeiras palavras, as primeiras frases, e ainda analisar se a linguagem é adquirida e se a criança adquiri a linguagem de forma normal de desenvolvimento maturacional dela foi utilizado o autor Paule Aimard para subsidiar teoricamente o trabalho. Pode-se concluir que o livro utilizado trata-se dos progressos que o ser humano passa durante a aprendizagem da língua, para descrever os principais indícios da linguagem.

PALAVRAS-CHAVE
Linguagem, Balhucio, Primeiras palavras, Primeiras frases, criança, Aquisição.

“A linguagem é literalmente uma dádiva do ser humano, ao contrario dos outros animais, que não possuem capacidade comparável, criou e instituiu para si, recursos precisos para a expressão, e dessa forma estabelecer comunicação recíproca”. Neste caso o homem já nasce com a capacidade de se expressar através da linguagem, todavia, esta é adquirida em conseqüência da convivência. Ao que se vê, é um processo de aprendizagem que se inicia muito cedo. Cada homem passa por este processo, contudo, não memoriza cada detalhe ou etapa desta realização. Aqueles que estão de fora acompanham passo a passo, apesar de não serem muitos os que atentamente observam e admitem a importância disso.
Por sua vez Paule Aimard em “O surgimento da linguagem na criança”, claramente sistematizou os primeiros passos da aquisição da linguagem. Segundo o autor o primeiro indício é a interação adulto-criança; a troca de olhares, sorrisos, posturas, voz. (Aimard, 1998, p. 56). Isto ocorre durante o procedimento diário, normalmente, da mãe com o bebê (no momento do banho , da mama, de vestir a roupinha, etc.). é uma linguagem Pré-verbal, e de grande importância, pois, ela é o elo entre o filho e suas necessidades com a mãe.
Durante os primeiros meses o bebê balbucia. O balbucio equivale a todos os ruídos de boca possíveis. Nesta etapa ele é inarticulado ou selvagem, porém inclui a maioria dos sons vocálicos. Daí, ele vai brincando com os sons e progredindo, e será que no final do primeiro ano já haverá uma grande evolução, conforme os modelos fonéticos que ela vai ouvindo. O bebê observa o adulto quando este fala, e vai tentando imitá-lo movimentando os lábios e é a partir daí que surgirão os primeiros balbucios. O adulto serve então de modelo para as crianças, é tarefa de eles modelarem o repertório fonético do bebê. A partir dos cinco ou seis meses, o bebê vai repetindo o que ele acaba de reproduzir, isto é necessário, pois, reforçará sua forma acústica e motora, que são maneiras que a criança encontra para memorizar o fonema. Infelizmente nem todas as crianças conseguem memorizar, e é preciso que ela treine mais, por iniciativa própria. Esses fatores comprovam-se no seguinte trecho:

“Há muito mais que imitação no balbucio. O bebê sente prazer de brincar com os sons, com a ajuda da voz.
Estes são os primeiros hábitos de jogo, quando o jogo é exercício, quando ele é habilidade e também é um jogo alegre. Existe um verdadeiro júbilo no balbucio, quando vemos um bebê idade espernear, agitar braços e pernas. O balbucio adquiri uma importância cada vez maior no esboço do diálogo. Pequenas conversas estão presentes em momentos de intimidade”. (AIMARD, 1998, p. 61)

Observa-se que também em diferentes línguas os primeiros sons do balbucio são os mesmos. Inicialmente os bebês aprendem a pronunciar as vogais não arredondadas que são: “a”, “e”, “i”, para depois as vogais arredondadas “o”, “u”. Neste processo importante que os pais ensinam seus filhos a dar beijo, pois este é uma espécie de consoante que envolve os quatro lábios. O beijo quadrilateral passa a ser um reforço para reproduzir as vogais arredondadas, e também é um estímulo para os músculos da fase, pois vai ajudar bastante quando ele for dialogar. Vê-se então que é um desenvolvimento bem rápido e eficaz, e que o primeiro ano é um exercício para o próximo.
Já no final do primeiro ano de vida o bebê já possui um balbucio bastante rico, o articulado, que já inclui a maioria das consoantes, e no segundo ano ele já pronuncia as primeiras palavras. Geralmente as primeiras palavras são “mamãe” e “papai”, que não são uma surpresa, pois são as palavras que os bebês mais escutam dos pais. Porém não se pode prever qual será a primeira palavra, mas, é certo que referir-se-á a alguma coisa do convívio da criança e será de forma simplificada. O adulto é um provedor de modelos, as palavras pronunciadas por eles serão repetidas pelas crianças, porém, de forma diferente no início, pois elas só conseguem repetir o final.

“Todos já percebemos que frequentemente a criança repete o fim da nossa frase, ou as últimas palavras, como se fosse um eco”. Isto recebe o nome ecolalia, e é muito construtivo, pois ao repetir, a criança memoriza a forma das palavras e adquire o hábito de utilizá-las. Isso ainda não significa que ela esteja dizendo essa palavra – como quando toma a iniciativa de mostrar ou de pedir – mas faz parte de uma etapa de preparação, de armazenamento de modelos, de treino. (Aimard, 1998, p. 64).

No período do terceiro ano é que as primeiras frases aparecem, esta se reduzem ao verbo e ao seu complemento. Na hora que a criança quer pedir, por exemplo, ela utiliza o verbo para expressar o pedido, e o complemento expressa aquilo que quer. Nesta etapa já fala em primeira pessoa (diz “eu”), já começa a perguntar, aliás, são muitas perguntas para que está iniciando, descobrindo o mundo. A maioria delas perguntam sobre algo que está sempre em volta, e percebem sua falta. Outras são questionamentos sobre repressões e limites dos adultos. Portanto as frases são simples, mas, exprimem um diálogo com aqueles que as cercam.
Portanto a fala no desenvolvimento infantil dá-se através da criança com o convívio social em que ela está inserida. A língua é adquirida como uma forma de conseqüência normal no desenvolvimento maturacional da criança. Pois de acordo com as fases da faixa etária, consequentemente aliados à disponibilidades das pessoas mais próximas, ela vai desenvolvendo sua habilidade quanto a maturação da língua em consonância com o convívio social.
De acordo com o tempo, a criança vai passando por suas sucessivas fases, onde, em cada uma delas, existe um comportamento correspondente a sua idade. Tanto os pais, irmãos, primos ou outras pessoas que estão à sua volta, podem colaborar para sua maturação lingüística.

Uma pesquisa realizada na cidade de Graça – CE, comprova o que se falou sobre o assunto. Ao que a mãe conseguiu observar nos primeiros indícios da linguagem em seu filho de apenas vinte e sete meses de vida, está claramente em consonância com esta abordagem. Segundo a mesma as primeiras palavras do bebê foram: “angu” aos dois meses e “papa” correspondendo a papai, aos cinco meses, pouco tempo depois veio mamãe. Isto porque o pai desempenhava um dialogo mais presente que a mãe.
Sobre as primeiras frases dita pelo bebê, foram: “Qué agá (quero água), Qué bebê (quero beber) e Qué me (quero comer)”, frases estas relacionadas sempre à necessidade dele. Outra característica é a repetição. A mãe diz: “Sempre que perguntamos, por exemplo: você quer bebê? Ele responde você quer bebê?”
As primeiras perguntas então foram sempre em busca de uma explicação. Segundo o pai: “Ele sempre pergunta o “por que” das coisas. Um exemplo disso é: Se eu pedir para ele não espalhar os brinquedos, ele logo pergunta: Por que não?”
Ele ressalta que, embora sue filho seja uma criança muita esperta, ainda sente dificuldades em pronunciar palavras que tenham “r” e “brinquedo”, ele só repete o final “edo”. Em algumas palavras até substitui o “r” pelo “l”.
Uma das estratégicas que mais utilizam para aquisição de seu filho é: pronunciar uma palavra é pedir que ele repita, sempre incentivando-o. Ele diz: “algumas palavras só basta eu falar uma vez, pois ele memoriza rapidamente”. A mesma também estimula-o a escutar músicas, assistir programas educativos e conversa muito com ele. “Acho Anael, uma criança super inteligente e comunicativa, ele fala tanto que parece que bebeu foi água- de-chocalho”. Comenta a mãe.
É essencial o dialogo dos pais com a criança, é preciso estarem atentos aos sinais de pedido, atendendo ao repertório de sons que estimula o surgimento, ou seja, a aquisição da linguagem na criança, de acordo com sua faixa etária, contribuindo dessa forma as adequadas referencias motoras em ligação consoante a idade, desde quando o bebê começa a sentar até quando expõe a capacidade de tirar as meias, e colocar os sapatos, um processo que anda passo a passo.

* Curso: Letras, habilitação – língua portuguesa, 3º período (manhã)
* Curso: Letras, habilitação – língua inglesa, 4º período (manhã)
* Curso: Letras, habilitação – língua portuguesa, 3º período (manhã)

BIBLIOGRAFIA

AIMARD, Paule. O Surgimento da Linguagem na criança. Tradução de Cláudia Schilling. Porto Alegre: Artmed, 1998.


Nenhum comentário:

Postar um comentário